Estou farto de mulheres “poetas”: onde estão as “poetisas”?
Poeta não é palavra de Lesbos: tornada palavra unissexo, poeta é uma palavra horrível. Pior do que isso só mesmo “presidenta”! Mas a um político (ou a uma “política”, já agora, rs) ainda se tolera alguma ignorância literária. A uma “poetisa”, não! Poeta é homem, poetisa é mulher. Pronto: é assim que a nossa língua foi feita. Sem género neutro como o latim ou o grego. Quem escolhe dizer poeta, como palavra comum de dois, escolhe o estigma do eunuco: será que vai no rebanho do feminismo militante dos anos 70 ou será que morde o isco da actual moda LGBT? Poetisa não é uma palavra travestida. Nem mesmo no Entrudo. A linguagem humana tornou-se bipolar, tem duas vestes de energia: há palavras Yin e há palavras Yang – e ambas amorosamente se fundem. A mulher que se diz poeta apaga a beleza sibilina da palavra poetisa. É verdade: a energia das palavras também emana do som que delas se desprende... Já aborrece a moda do género: género têm as palavras (mesmo as neutras). As pessoas têm sexo: nada a fazer, por enquanto! E um poema de amor, escrito por um poeta ou por uma poetisa, exterioriza bem essa diferença. A poesia não é neutra como a matemática: canta mundividências desiguais se exprime as rimas de um homem, de uma mulher, de um gay ou de uma lésbica. Mesmo que se exprima em prosa ou verso branco. A literatura tem sexo, não tem género. A LITERATURA não é “LITERATURO”! Nem um jornalista é um “jornalisto”: não conheço palavra mais horrível do que “POESIO”. Com tanto puritanismo o que se pretende apagar? Não, não é uma questão de gramática! Nem de ignorância etimológica. É uma questão de beleza das palavras.
Porque hão-de as mulheres que escrevem versos desprezar a palavra mais bela que a linguagem lhes deu?
Poetisa tem algo de sacerdotisa: a magia fina dos seus versos!
Poetisa, pitonisa, sacerdotisa, profetisa...
Por favor, não matem a beleza das palavras. Com ou sem métrica, com ou sem rima.
© Pedro Barbosa – 14 Fevereiro 2018