Encontrei por acaso na internet mais um sentido (aliás bem claro) para o simbolismo de escrever com um “fósforo”. Por acaso!? Na verdade ele veio do escritor que mais iluminou a minha primeira juventude. De Érico Veríssimo: precisamente o autor do esquecido romance «Caminhos Cruzados». Caminhos que se cruzam de novo? Não foi preciso ir ao cartomante nem ao psicanalista… O fósforo como miniatura simbólica do facho imperial: a frágil luz dos pobres e dos deserdados da sorte.
"Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto." – Érico Veríssimo